segunda-feira, 4 de maio de 2015

Enquanto seus olhos forem meus - Parte IV

- Giulia, vou pagar a conta e te espero lá fora. – Disse Alice já andando em direção ao caixa.


Giulia olhou sem entender e pediu pra que ela esperasse, mas de nada adiantou.

Quando saiu do bar, encontrou Alice encostada em seu carro, a sua espera, com uma lata de cerveja na mão.

Alice olhou pra Giulia.

- Nossa, amiga, você foi muito bem lá em cima. Parabéns. – Giulia falou em tom irônico.

- Obrigada, mas por que você saiu assim de... – Alice a interrompeu.

- Lembra daquela menina que foi falar com você? Quem era? Nunca tinha visto ela por aqui...

Giulia encostou no carro, ao lado da amiga.

- Ela é de uma cidade vizinha, parte da família se mudou pra cá esses dias e ela tá aqui com eles por enquanto.

- Vai morar aqui?

- Não sei, ela não me disse... Vim logo atrás de você. O que aconteceu pra ter saído daquele jeito?

- Nada com que se preocupar. Só estou cansada. Vamos? – Ela olha para Giulia e força um sorriso.

As duas voltam pra casa de Alice. Conversam mais um pouco, enquanto se arrumam pra dormir. Alice deita e dorme em pouco tempo. Giulia, que está na cama ao lado, se levanta e vai até sua bolsa. Pega o papel com o número de Beatriz e o grava em seu celular, sem perceber que seus lábios contorciam-se em um sorriso largo.

No dia seguinte, Giulia foi até o bar como o combinado, deixou tudo acertado com Sr. Pereira. Ela tocaria toda sexta e sábado. Assim que saiu de lá, ligou pra Alice, que ficou superfeliz com a notícia. Chegou em casa, contou a sua mãe, que também ficou radiante.

Naquela noite Giulia estava na varanda do seu quarto tocando, quando se lembrou de Beatriz. Pegou o celular e resolveu ligar pra ela. O papo foi curto. Giulia disse a ela que tocaria novamente no bar na semana seguinte e que se ela quisesse, era pra aparecer. Beatriz disse que iria nos dois dias, pois estava repleta de pedidos. Giulia desligou contendo nos lábios novamente aquele sorriso largo e voltou a tocar.

Ensaiou arduamente durante a semana, fez seu repertório e mostrou pra Alice, que adorou.

Na quinta, quando Giulia estava se preparando para ir pra casa de Alice, o telefone toca e sua mãe leva.

- Filha, Alice no telefone.

Giulia atende e recebe uma má notícia. Alicia viajaria sexta de manhã com o pai mais uma vez, e voltaria no sábado de noite ou no domingo de manhã, o que impossibilitaria ela de ir na estreia de Giulia. Giulia desligou chateada, mas sabia que a teria em todos os outros shows e logo ficou bem.

Giulia teve uma estreia brilhante. O público adorou o show e o Sr. Pereira era só sorrisos.

Beatriz acompanhou o show inteiro escondida para que Giulia não a visse. Ao término, esperou Giulia arrumar seu equipamento e foi até ela.

Chegando perto, bateu palmas e disse: 

- Não podia imaginar um show mais maravilhoso que esse.

Giulia se virou e a viu.

- Pensei que não viria...

Beatriz sorriu de lado.

- Você acha mesmo que eu perderia essa oportunidade?

Giulia fez cara de dúvida.

- E você vai fazer o que agora? – Beatriz questionou.

Giulia guardou o violão e desceu do palco.

- Vou tomar alguma coisa e depois não sei.

- Vamos juntas então? – Tentou Beatriz.

- Claro! - Giulia respondeu em tom exclamativo.

Giulia foi até onde estava seus amigos e sua mãe, que chorou a cada música que a filha tocou.

Se despediram e Giulia foi com Beatriz para o carro, rumo a outro bar.

- E sua amiga, onde está? – Disse Beatriz.

- A Alice teve que viajar...

- Que feio perder a estreia da amiga...

- É, mas não teve jeito, ela trabalha com o pai, então é assim mesmo, eu entendo.

Beatriz olhou para Giulia, que dirigia.

- Bom que podemos conversar mais tranquilamente.

As duas conversaram beberam algumas taças de vinho até às 5 horas da manhã e fecharam o bar.

Na saída, Beatriz contou que ficaria na cidade por mais um mês e que voltaria pra sua cidade no término de suas férias da faculdade.

Giulia gostou e disse que podiam sair juntas sempre, até mesmo com Alice, e que queria Beatriz em todos os seus shows.

Beatriz não hesitou e respondeu que iria aparecer em todos e com vários pedidos.

Giulia lembrou que quando se falaram por telefone, Beatriz disse o mesmo:

- Vários pedidos... Hoje você não fez nenhum, ficou brincando de se esconder...

Beatriz sorriu.

- Estava esperando o momento certo pra fazer meus pedidos. – Disse Beatriz em tom misterioso.

- Bia, o show já acabou, agora só semana que vem pra ter o momento certo de novo, a menos que você queira que eu toque agora.

Beatriz riu e Giulia ficou sem entender.

- Um dos meus pedidos de hoje já foi atendido. O convite pra sair comigo. Falta mais um.

- Então faça o que está sobrando. – Giulia rebateu rapidamente;

Beatriz colocou uma das mãos no rosto de Giulia e foi se aproximando devagar.

- Você já sabe o que eu quero... Sabe desde o momento em que dei meu telefone, desde que me ligou.

Giulia ficou tensa, mas encarou bem a situação.

- Te liguei porque queria te ver de novo, só isso e... – Beatriz a interrompeu tocando seus lábios no de Giulia, que, a princípio, achou estranho beijar uma garota. Mais aquele frio na barriga a cada movimento da língua era indescritivelmente bom.

As duas se beijaram incansavelmente no carro até o dia clarear.

Giulia deixou Beatriz próxima de casa e voltou pensando no que tinha acontecido. Ela ficou mexida, Bia era atraente e só agora ela via isso.

No domingo, Alice chegou de viagem cedo e foi à casa de Giulia saber como tinha sido o show e pedir desculpas por sua ausência.

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