quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Entrelinhas Vazias procura parceiros!

Alô, leitores, amigos e admiradores!
Todos bem? Espero que sim.
Vou tentar não me prolongar muito (eu disse tentar) e ir direto ao ponto!
Tem um continho aqui em  baixo que chama "Entrelinhas Vazias", certo?
Pois bem... passei um tempo aqui sem escrever, estava bolando umas coisas, me dedicando a alguns projetos, mas agora eu voltei com tudo!

Tanto, que vou abrir um espaço aqui pra você. Como assim?
Seguinte, o conto "Entrelinhas Vazias" está incompleto, se você leu, você percebeu, se não leu, leia e vai perceber!
O que eu quero? Quero que você que curte escrever, que gosta de literatura, ou que quer uma oportunidade de mostrar seu talento, enfim tenha uma chance.

Como vai ser isso?
Você vai me mandar a ideia pra continuação desse conto, eu vou retornar pra você dizendo que gostei e dando o aval pra você fazer a segunda parte. Depois de feita, você vai me mandar e eu vou postar aqui!

Como entrar em contato comigo?
Tem meus contatos aqui em cima na barrinha de menus, só olhar lá, estarei full time pra esse assunto.
Me procura pelo twitter ou pelo e-mail com o assunto: quero participar de "Entrelinhas Vazias" e manda ver na sua ideia!
A melhor vai entrar aqui!

Let's go!

Entrelinhas vazias



Acordei chateada hoje. Sonhei, aliás, tive um pesadelo altamente insuportável. Eu já via respaldos do meu ácido e péssimo humor nas pessoas. “Verena, você precisa de terapia!”, “Você está de TPM ou levou um pé na bunda? Que mau humor irritante!”. Assim começou o meu dia. De certa forma minha acidez estava estampada em mim, cego era quem não queria ver. Minha calça, verde limão. Minha blusa, laranja lima. Meu par de All Star, também verde limão. A alça da minha bolsa, pendurada em meu ombro esquerdo, era grande e de couro, atravessava meu peito e deixava a bolsa colada no lado direito do meu quadril. Dentro dela, um livro sobre a cena do rock britânico dos anos 70 e 80, meu óculos de sol, um bloco de folhas brancas com uma caneta azul presa em seus espirais, minha carteira e meu inseparável saquinho de jujubas vermelhas. As melhores!
Depois das milhões de patadas que dei em 20 minutos, ao encontrar amigos a caminho do metrô, entrei no vagão e imediatamente ouvi uma criança, inquieta, falar para a mãe: “mãe, vamos nos atrasar, olha, são 7 horas e 55 minutos, a tia Eliana vai brigar comigo”. Um frio na barriga tomou conta de mim. Perdi a noção da hora. Não podia mais me atrasar. A professora, digo, a ridícula professora que eu tenho disse que me daria falta se eu me atrasasse mais uma vez. Uma falta, contando com todas as outras que já tive em um mês e alguns dias, significaria repetir na matéria. Matéria essa que só era ministrada por ela. E não... eu não queria ter o sacrifício e o castigo de passar mais um semestre com ela.
A hora voava. Eu ia gradativamente me transformando em um desespero humano. Ao chegar na estação, corri tão rápido quanto um recordista olímpico de 100 metros livres. Cheguei na porta da sala esbaforida. Respirei e abri a porta. A sala parecia estar completa, e a professora... bom, ela estava mais atrasada do que eu.


Tive que sentar na segunda fileira da frente. Não podia ler nem ouvir música. Não sei por que, mas previa que a ridícula pegaria no meu pé.


“Bom dia, desculpem o atraso, tive um imprevisto, isso não vai se repetir. Vamos à tarefa que dei pra vocês aula passada. Quem se voluntaria pra começar?”. Ninguém se manifestou.  A tarefa era desenvolver um argumento para rebater outro argumento presente num artigo que ela passou pra turma, cujo tema era a homofobia. Eu não fiz. Por quê? Porque não gosto desse assunto. Não que eu seja homofóbica ou qualquer coisa do tipo, mas prefiro não falar sobre o assunto.
Levantei, na esperança de sair de sala para ela não me escolher. Meu ato foi traiçoeiro: “Verena, você pode nos contar seu argumento?”, todos voltaram suas atenções para mim. “Meu argumento, no momento, é que devemos respeitar quando nossa bexiga pede pra irmos ao banheiro porque ela tem sempre razão”. Caio, o garoto mais escroto da sala, ou da faculdade, eu diria, logo riu alto em tom de deboche.  A professora me olhou séria: “Ótimo, ela tem razão mesmo. Mas na volta você nos conta seu pensamento”. Tratei de sair e fiquei indecisa.
Ela, pela primeira vez na vida, não fez a chamada assim que chegou, então eu não podia pegar a bolsa e sair. Mas se eu voltasse, eu teria que falar sobre algo que eu não gosto. Voltei. Cheguei no meio da explicação de uma menina que durou um bom tempo.
A aula terminou e a professora fez a chamada. Não chamou meu nome. Todos saíram e só eu fiquei. “Você pulou o meu nome”. Ela me olhou: “Queria que ficasse aqui, vamos bater um papo rápido”. Eu peguei minha bolsa e fui em direção à porta: “Tenho oura aula agora”. Ela não se moveu. Bufei e me aproximei de onde ela estava sentada: “O que quer falar comigo? Não pode ser outra hora?”. Ela apontou para cadeira à sua frente: “Temos 10 minutos ainda, é o suficiente”. Sentei e a encarei. “Verena, eu sou tão ruim assim?”. Estranhei seu comportamento, mas não a respondi. “Já tentei de tudo para ter sua atenção. Sua fase de rebeldia ainda não passou, é isso?”. Respirei fundo e não respondi nada. “Você precisa mudar sua postura enquanto é tempo”. Peguei meu celular, vi as horas: “você tem 7 minutos”. Ela me deu presença, guardou suas coisas e levantou. Eu também levantei fui me aproximando da porta, levei minha mão até a maçaneta. Ela segurou meu braço: “Você podia ser menos difícil”. Abri a porta e saí.

...

Continuação enviada por Mário Rezende, do Blog "Dois pontos, reticências, etc"

        Quando cheguei no fim do corredor, ainda sentia o toque suave da sua mão no meu braço. Olhei para trás e vi que ela estava parada um pouco adiante da porta da sala em que estávamos, olhando em minha direção. Continuei andando até entrar no outro corredor, à esquerda. Depois de dar mais uns dez passos, a curiosidade me impeliu a voltar. Ainda deu tempo de vê-la, no final do corredor, caminhando com um livro abraçado junto ao peito. A roupa justa, colada ao corpo, revelava o seu  corpo esguio e bem feito. Naquele instante, uma colega passou por mim e falou:
    - A Mariana pegou no teu pé hein, Verena! Cuidado que ela está solteira.
    - Como assim?
    -  Vai dizer que você não sabe que ela é lésbica, ou bi... sei lá?
    - Não. Não sabia.
    Então é por isso que ela estava tão interessada em  minha opinião sobre homofobia... Será que ela está a fim de mim? – Pensei.
    - Ela namorava uma garota da faculdade de Psicologia, mas ouvi dizer que elas brigaram. Parece que a mina não aguentou uma cena de ciúmes que ela fez numa festa.
    - Eu hein! Tô fora! Valeu. Até amanhã.
Era só o que me faltava! Eu sem namorado, na maior fissura e pinta esse lance... 

...


Continuação enviada por Ariely Souza, do Blog "A melhor coisa"



Meu dia continuou, não menos pior. Não consegui tirar o que aquela menina tinha me falado. Depois de ouvir aquilo, minha cabeça havia se tornado uma confusão, já não sabia para onde eu tinha que ir. Meu amigo, Bruno, como sempre querendo me ver sorrindo, veio ate mim e fez uma piada sobre meu visual: “Amei a sua calça, essa cor te deixa muito sexy”. Minha vontade de mata-lo foi tudo que expressei na frase: “se mata!”. Ele me preguntou porque eu estava daquele jeito: “foi por causa da aula, do tema homofobia?”, “Hãn, como assim, o que eu tenho a ver com homofobia, só não gosto desse assunto, isso não é um motivo no qual eu deva me importar, o que isso muda na minha vida?”. Ele me olhou com uma das piores caras e perguntou: “Você é ...?”, “o que?”, “você sabe o que eu estou perguntado!”, “se eu soubesse não perguntaria o que.”, “não se faça de boba! Você é ou não, confia em mim sou seu amigo!”. Sai andando e o deixei falando sozinho. O que ele esta pensando de mim? E se eu for qual o problema, a vida é minha e eu faço o que eu quiser!

Mais uma aula, para ser pior a professora com a voz mais irritante do mundo. Esse sim era o meu dia, ela tinha tanta gente para ler o digníssimo texto, mas, se ela não pedisse a mim algo de muito ruim poderia acontecer com ela, já que o dia era meu! Pois bem, li o texto. Nada de tão diferente aconteceu naquela faculdade, tudo como sempre; ou não, eu não parei para prestar a atenção nos outros a minha volta.

Saindo da faculdade, logo no portão, é isso mesmo: vejo aquele ser novamente, senti vontade de voltar, ou passar correndo, ate em me esconder, mas resolvi enfrentar mesmo sem conseguir olhar para o rosto dela. Mariana veio andando em minha direção e eu fui ficando cada vez mais nervosa. Ela parou na minha frente e falou: “Pensou no que eu disse, Verena?”, “Oi?”, “Perguntei se você pensou no que eu disse.”, “Presto tanta atenção em você que te destinar alguns minutos da minha reflexão sobre a minha vida seria, de fato, algo inovador.”, “Acho que rever sua estupidez não é uma má ideia, menina.”, “Jura? Não, muito obrigado. Prefiro, ainda assim, não te dar atenção.”, “Acho que você deveria pedir "obrigada", no feminino e ir estudar o seu idioma, também.”, “Acho que você deveria não se meter na minha vida.”, “O que você tem contra mim?  O que foi que eu te fiz para você nem olhar em meus olhos?”, “Nada! Só não quero criar vínculos com a senhora.”, ”Pode me chamar de ‘você’!”. Eu me despedi e disse que estava com pressa, e ela disse: “Espera, eu preciso te contar uma coisa!”. Tudo parou naquele momento, eu gelei, tremi, suei, meu olhos se encheram de lagrimas; abaixei a cabeça e disse: “Por favor, eu não quero ouvir o que você tem a dizer, deixe para um outro momento, um dia que eu estiver ao menos afim de olhar para seu rosto.”. Pela expressão em seu rosto, percebi que ela não gostou do que eu disse. Eu não tenho nada contra homossexuais (ou bi, sei lá o que ela era), mas eu não via problemas nos relacionamentos de outrem. Quando "o lance" passava para a minha vida, eu ficava enojada.

Quando eu estava indo para estação, vem meu amigo Bruno e me pergunta: “O que houve entre você e a professora Mariana, vi que ela foi falar com você outra vez, me falaram que ela ‘curti’ mulheres. É verdade?”. “É, é verdade sim!”. “Então você e ela...?”. De novo ele com esse assunto, se eu não acordasse chateada hoje, e a professora Mariana não estivesse brigado com a namorada dela, ela não iria levar o tema sobre homofobia, eu não teria que levantar para sair da sala, ela não iria me escolher, eu não teria que dizer que devemos respeitar a nossa bexiga, Caio não iria rir, ela falaria o meu nome na chamada e não iriamos bater um papo, aquela menina não viria falar comigo sobre a Mariana ser lésbica ou bi. Se eu não acordasse chateada hoje, eu não mandaria o Bruno se matar, ele não perguntaria se o motivo foi o tema da aula e também não desconfiaria de mim. Não sei por que motivo a Mariana veio falar comigo de novo, se ela não viesse falar comigo, o Bruno não veria e não desconfiaria de nós duas, ou seja, não entraria nesse assunto outra vez e tudo por causa de um grande pesadelo altamente insuportável. “Não Bruno, não existe eu e ela. Está bem!”.



...


Continuação enviada por Mário Rezende, do Blog "Dois pontos, reticências, etc"


Estou justamente naquele período mensal que afeta a nós, mulheres, e eu, como sempre, fico daquele jeito, tendo que lidar com essa maldita TPM. Hoje, então, não é meu dia. Logo que levantei, com o pé esquerdo, lógico, tropecei no meu chinelo e dei um bico nele que quase saiu pela janela. Fui fazer xixi e só percebi que não tinha papel higiênico quando terminei. O recurso foi lavar com a duchinha em vez de enxugar. Mas a água estava tão fria que contraí até o útero, por alguns segundos acho que voltei a ser virgem. Logo hoje que vai ter um churrasco do pessoal da faculdade eu vou ficar com a minha personalidade influenciada pela ação dos hormônios? Nananinanão!, Vou ter que me superar pra me divertir como se estivesse tudo normal.
A Beth, uma colega da faculdade, aquela mesmo que me deu um toque sobre a Mariana - Caraca! Essa mulher me persegue. Por que eu tenho que falar nela!? – Passou lá em casa com o carro do pai dela. De ônibus, sem sacanagem, não ia dar para ir, porque a festa foi num condomínio de luxo lá em Vargem Grande, longe pacas.
Quando nós chegamos, a galera já estava lá há um tempão, Todo mundo de copo na mão e muitos já estavam bem animadinhos Eu tinha dado uma caprichada no visual pra tentar empurrar lá pro fundo da minha consciência os argumentos da TPM e notei que a recepção foi bem mais calorosa que o normal. Fiquei até sem graça com todo mundo olhando pra gente.
– Que que é isso, Verena!? Tá arrasando hein! – a Beth falou
– Nem vou sair de perto de você. Já vi que hoje vai rolar alguma coisa e eu vou ficar na tua aba.
Um carinha logo se aproximou me oferecendo bebida. Até que ele era bem interessante de corpo: barriga legal, quase tanque, malhado e tudo mais. Posso dizer que era gato, mas o, papo, puta merda, totalmente vazio. Deve pensar com a cabeça do pau. Pra sair fora dele fui ao banheiro e quando voltei fui direto para uma mesa onde estava o grupo da minha sala. Assim que sentei, dei de cara sabe com quem? Adivinhem... Ela, claro, a Mariana. Eu travei. Ela me olhando com aquele olhar de águia espreitando a presa. Pior que eu fico como uma presa mesmo. Eu não sei que poder ela tem, ou fraqueza que eu tenho, sei lá. Só sei que quando ela está perto tenho a impressão que me atrai como um imã que não me deixa escapulir. Ela tira o meu pé do chão, me descontrola.
 - Olá, Verena. Que bom que você veio. Estava começando a ficar entediada - Ela falou aproximando-se de mim. Vamos entrar na piscina.
- Não. Eu já bebi muito e estou meio tonta – menti.
- Olha a mentira! O narizinho vai crescer. Você chegou não tem nem meia hora.
- Acho que me deram uma bomba pra beber. Estou me sentindo meio enjoada.
- Então vamos ficar conversando numa espreguiçadeira.
- Sobre homofobia? O seu assunto preferido?
- Não, sobre você. Eu quero te conhecer melhor. Você é uma incógnita.
- Você tem namorado?
- Tenho um caso, sim – tive uma ideia.
- Mas ele não veio contigo. Todos que estão namorando ou ficando trouxeram os respectivos, mas você veio com aquela menina. Como é mesmo o nome dela...
- Beth. A minha namorada – falei de propósito pra ver a reação dela.
- Verena, qual é? Eu sei que você não namora a sua colega. Corta essa!
- É mentira mesmo. O meu namorado não gosta de se misturar com o pessoal da faculdade. Ele nem queria que eu viesse. Até brigamos por causa disso.
- Eu também acabei o meu relacionamento.
- Eu sei.
- Sabe como?
- Me contaram.
- Como assim te contaram? Você andou perguntando sobre mim a quem?
- A ninguém. Eu fiquei sabendo naquele dia que você fez aquela palhaçada comigo na sala. Todo mundo riu e o babaca do Caio ficou debochando. Falaram que você tinha terminado o namoro e que estava a fim de mim, por isso estava implicado comigo.
Quando eu estava falando, percebi que ela ficou meio sem graça e levantou os olhos. Adivinhem que estava bem atrás de mim...  Ele mesmo, o babaca do Caio em pessoa.
- Falando em mim, as minhas professora e coleguinha preferidas?!
Era só o que me faltava! Ainda tive que aturar aquele garoto idiota.
- Ah, Caio, vai procurar a tua turma e me deixa em paz – eu falei.
A Mariana ficou calada e nem olhou para a cara dele. Os olhos dela estavam fixos nos meus, penetrantes. Eu fiquei meio que paralisada. Será que ela tem o poder de hipnotizar? Não acho que foi por causa das bebidas que eu tinha tomado. Senti uma sensação estranha passeando pelo meu corpo, até lá em baixo.
- Você viu o que provocou naquele dia? Fiquei boladona e agora fico ouvindo piadinhas.
- Perdoe-me por ter feito aquilo na sala de aula. Acho que foi por instinto.
- Instinto?!
- É. Depois eu te explico.
Ela se levantou e disse que ia pegar bebida pra gente, passando, de leve, a mão de fada no meu ombro. Quando voltou, estava com uma garrafa de champagne e disse que era só para nós duas. Estava uma delícia, no final estávamos bebendo pelo gargalo. De repente todo mundo começou a mergulhar na piscina. O Bruno empurrou a gente e caímos as duas juntas – o cara é vacilão mesmo, caraça! Eu fiquei enjoada, disse que ia sair e fui caminhando para a escadinha. Ela me acompanhou e não é que a safada aproveitou para botar a mão na minha bunda quando me apoiou para subir!
Depois o pessoal começou uma guerra de jatos de champagne e eu literalmente tomei um banho. Fiquei com o corpo todo melado e estava ficando agoniada. Então eu falei para a Beth -, aquela que me bateu o lance da Mariana – que eu ia tomar uma ducha no banheiro.
“Mas você não está tonta e enjoada? Eu não vou deixar você ir sozinha”. A Mariana falou e foi comigo.
Eu abri o chuveiro e deixei a água cair no meu rosto. Estava gelada demais, quase desisti, mas entrei de vez.
- Posso entrar contigo? - Ela perguntou.
 Eu não respondi, mas cheguei um pouquinho para o lado e ela entrou embaixo do jato d’água.
- Ai! Está muito fria – ela falou  tremendo.
- Fria é apelido, está gelada – eu falei com a voz tremendo e esfregando os braços,
- Você melhorou?
- Acho que sim.
- Você não está acostumada a beber, não é?
- Não. Só bebo cerveja, assim mesmo pouco. Mas eu vim tomar banho porque fiquei toda melada de champagne e estava me dando nervoso – eu falei enquanto afastava o biquíni do corpo um pouquinho para poder lavar os seios e a parte de baixo também.
- Eu também estou toda meladinha. Vou lavar o biquíni.
Ela falou meladinha com sentido dúbio ou foi impressão minha?
Tirou a parte de cima e deixou à mostra um par de seios lindos, nem grandes nem pequenos e com os biquinhos parecendo de adolescente. “Deve ser por causa da água gelada” – pensei. Depois, sem cerimônia, tirou a parte de baixo para lavar também. As pessoas que se exibem assim sabem que têm o corpo bonito. O dela é espetacular.
- Você não vai lavar o seu?
Eu virei de costas e tirei o biquíni. Lavei depressa e vesti logo a parte de baixo porque estava com vergonha. Eu nem a conheço direito, além disso, é minha professora. Fiquei toda atrapalhada para amarrar o sutiã.
- Deixa eu te ajudar, Verena. Você está nervosa? Pode deixar que eu não mordo.
Ela amarrou o meu biquíni, mas percebi que ficou muito tempo com as mãos nas minhas costas, mas por incrível que pareça eu não me incomodei.
- Eu imaginava que você tivesse o corpo bonito, mas é muito mais. Você é um tesão, sabia? – Disse passando a mão no meu rosto e um dedo demorou escorregando por toda a extensão do meu lábio inferior.
- Eu não sei o que está acontecendo comigo...
- Mas eu sei.
Ela levantou os meus braços e encostou, me encostou na parede e colou o corpo ao meu. Eu ainda estava meio tonta e não fiz nada.
- Eu sei o que está acontecendo contigo e estou muito feliz.
Ela falou com o rosto bem perto do meu e eu percebi que ela ia me beijar, pior que eu não resisti. Fiquei olhando para a sua boca, é muito sensual. Quando ela ia encostando a boca na minha eu fechei os olhos – não estava acreditando que eu ia deixar, meu ego deveria estar bêbado. Naquele momento entrou alguém no banheiro.
- Verena, você está aí? Está se sentindo mal? – A Beth perguntou.


...

- Verena? Verena?
Fui abrindo os olhos devagarzinho e vi Mariana. Dei um pulo, assustada. Olhei ao redor e vi que estava com Mariana na espreguiçadeira, e o pessoal na piscina, tudo aparentemente normal. Levei as mãos ao meu rosto e as percorri até meus ombros. 
- Você está bem, Verena? - Mariana me perguntou.
Respondi fazendo gesto positivo com a cabeça.
- O que foi que aconteceu? - Indaguei Mariana.
- Nós bebemos o champagne, o Beto veio falar que a Daniela tava passando mal, fui lá cuidar dela, você adormeceu. Teve pesadelo?
Eu demorei pra responder, fiquei pensando bem.
- Foi isso mesmo que aconteceu? - Eu a indaguei mais uma vez.
- Foi, por que eu mentiria? Acho que você bebeu demais. - Ela disse sem entender minha pergunta.
Sentei na espreguiçadeira e fiquei pensando no sonho que eu tive, quanto mais pensava, mais meu coração pulsava.
- No que tanto você pensa? - Disse Mariana chegando a espreguiçadeira dela pra perto e mim.
- Tô aqui pensando na Daniela, ela tá bem? - Menti.
- Tá sim, misturou caipvodka com cerveja, não tava comendo e aí passou mal, mas ela já tá bem. Tem certeza que tá pensando nisso?
Não sei de onde me saiu coragem, mas resolvi encarar a fera.
- Mariana, me responde com toda sinceridade que existe em você. Eu atraio você? Você é a fim de mim? - Eu perguntei séria, olhando nos olhos dela.
- Por que essa pergunta assim, agora, Verena? - Ela retrucou.
- Só me responde. Não é difícil. 
Ela me olhou bem e respirou fundo.
- Você é um ponto de interrogação pra mim, é marrenta, respondona, além de linda e muito inteligente. Esse conjunto de fatores me atrai, até porque a minha ex namorada é exatamente assim. Mas isso não quer dizer que eu esteja a fim de você, é só uma atração. Você é aluna e eu professora.
Eu a ouvi cuidadosamente.
- Acabei de ter um sonho com nós duas. - Eu disse.
- E o que sonhou? 
- Que a sua atração se transformou em desejo real e rolou...
Ela ficou quieta e não disse mais nada.
- Mariana, eu ando muito confusa, eu não sei, não sei o que tá acontecendo comigo. As pessoas ficam me zoando, ficam falando de você o tempo todo, acaba que eu fico pensando nisso o tempo todo e... E sei lá, olha o que eu sonhei!
Mariana pegou minha mão e me levou para um canto longe de onde as pessoas estavam. Me encostou na parede e se aproximou de mim, até chegar muito perto da minha boca.
- O que você está fazendo? Não quero isso, deixa eu sair. - Implorei.
Ela me segurava com força, eu não conseguia sair.
- Mariana, para, por favor!
Ela me olhou nos olhos e acariciou meu rosto. Foi até meu ouvido e sussurrou.
- Você tem que aceitar os fatos. Tem que aceitar quem você é. Precisa entender que você é isso mesmo e que não tem que se importar com o que as pessoas vão pensar de você.
Ela voltou a me olhar e disse bem perto da minha boca.
- O dia que você aceitar a condição e o fato de se interessar por outra mulher, você vai ser muito mais feliz, menos rebelde e estúpida. Enquanto isso, sou apenas e somente a sua professora. Porque no fundo eu sei que você me quer tanto quanto eu te quero. Mas isso nunca vai dar certo.
Ela me soltou e saiu andando. Eu fiquei ali no mesmo lugar parada, vendo ela ir embora, se distanciando. Mesmo sabendo que era verdade tudo que ela disse, eu não podia aceitar. Eu não posso. Mesmo sendo perdidamente apaixonada por ela...

...

É isso, galera! Mário e Ariely, obrigada pela participação de vocês aqui! Quis encerrar a história levando pra um lado que anda acontecendo muito ultimamente: relacionamento homoafetivo e não aceitação. Espero que tenham curtido, gostaria de deixar claro que não sou homofóbica e preconceituosa, apenas retratei uma situação que acontece aos montes!