quarta-feira, 21 de março de 2012

Só me resta esperar

Queria saber se a nossa troca de olhares significa pra você o mesmo que significa pra mim.
Se os seus olhos marotos sorriem junto com os meus ao se cruzarem. Se me desejam tanto quanto os meus desejam os seus.
Preciso descobrir se o seu corpo cabe em cima do meu. Se nossas alturas compatíveis permitiriam abraços infinitos.
Queria fazer os versos mais bonitos e coloridos quanto as suas blusas xadrez.
Mas por vezes penso que preciso parar de dar ouvidos a tamanha insensatez.
Preciso de boas pernas que me levem até você.
De olhos que consigam e permitam enxergar você como nunca ninguém viu.
Falta uma boca que diga oi sem timidez.
Um ouvido preparado pro descaso.

Quem sabe até uma mente moldada num flerte passageiro, num caso, numa possibilidade.
Num mínimo, num gesto, numa reciprocidade.
Enquanto a coragem não me encontra, só me resta esperar.
Só sei esperar. Um oi, um sorriso, um sinal qualquer que não me mantenha no lugar de possível ilusão. Que não nos deixe em reticências.
Um despertar, um momento lindo qualquer pra que eu possa guardar.
Só me resta esperar.

segunda-feira, 12 de março de 2012

III. Uma boca que sente

A última da série.
Agora as postagens voltam ao normal.
Que tenham curtido tanto quanto eu essa inovaçãozinha.
Reflitam e sintam.
Até mais!

III. Uma boca que sente


Doce. Amargo. Azedo. Salgado.
Gelado. Morno. Quente.
Coisas tão óbvias que a minha boca sente.
Como fome.
Como mente.
Como me engana todas as vezes quando minha saliva
não pertence somente a mim.
Que descaso com minha razão quando tem sede de lábios
errados, lábios passados, lábios invejados.
A minha boca sente frio. Sente falta.
Quando parece não sentir mais nada, sente mais.
Sente o inesperado, o surpreendente.
Ela sente, simplesmente sem que eu controle.
Não mais fala. Apenas cala.
Guarda, sacia, aprecia um sabor de noite, um sabor de dia.
Deseja um teor de amor.
Deseja um pouco de frescor.
Procura o doce no amargo.
Envolve, seduz.
Me conduz, me reduz a uma simples e mínima coisa.
Que sente.
Que aparentemente sente.
E sinto até não poder mais sentir.
Minha saliva me condena.
O teu gosto me envenena.
E a minha boca... apenas sente.