segunda-feira, 18 de abril de 2011

A felicidade não existe

Naquele dia eu revirei tudo que tinha guardado no baú.
No concreto encontrei aquelas cartas de amor.
No abstrato, apenas dor.
Não há paz se não tenho você por perto.
Meu relógio parou desde aquele dia quando às 20h você foi embora.
E o que sobrou? Pedaços. Momentos. Canções.
Ainda sentia seu doce perfume pairando no ar. Bastava fechar os olhos e respirar.
Quero me livrar dessas recordações. Elas não me fazem bem.
Lenha, lareira, fogo. Estou queimando tudo.
O baú, o caminhão de lixo levou. Mas ainda tinha restos, migalhas espalhadas em mim.
Vendo as lembranças virarem cinzas, o fogo refletia nos meus olhos como nos olhos vermelhos do monstro das trevas.
Como eu ia me livrar do baú que ainda existia em mim?
Um pedaço de papel em chamas pulou. Enquanto as chamas diminuiam, eu me aproximava.
A única palavra escrita: Pule.
Aquele pedacinho estava ao lado da janela.
Do oitavo andar eu ia me jogar.
Subi. Senti o vento da liberdade bater no meu rosto. Aquele era o sinal e a oportunidade de me livrar do baú interno.
Pulei.
Acordei.
Ao lado da minha cama, um bilhete: "Voltei para buscar as minhas coisas. Não tenho palavras para agradecer os momentos felizes que me proporcionou."
Naquele dia eu descobri que a felicidade não exsite.

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