segunda-feira, 20 de abril de 2015

Enquanto meus olhos forem seus - Parte II


Enfim domingo!

Pedi pra mamãe preparar um bom almoço para receber a Alice. Logo ela chegou com o pai. A campainha tocou e desci correndo as escadas pra atender.

Quando abri a porta, Alice pulou em mim e, se não fosse a parede ao lado, teríamos um tombo digno de um momento pra ser não se recordar.

Mamãe logo veio recebê-los, cumprimentou o seu admirador, digo, Paulo. E Alice não saía de cima de mim.

- Sua louca, não faz isso comigo! – Disse Alice

- Isso o que?

- Ficar cinco anos fora, sendo que um ano deles brigada comigo.

Sorri.

- Agora não vou mais sair daqui.

Ela apertou meu nariz: - Acho bom mesmo. - Sorriu.

Saiu de cima de mim e enfim o Sr. Paulo pôde me cumprimentar. Sempre elegante e atencioso. Até que era um bom partido pra minha mãe.

Levei Alice pro meu quarto. Abri a porta e ela entrou primeiro. Logo viu um embrulho em cima da cama.

- Vai lá e pega. É seu presente. - Eu disse.

Ela me olhou e foi em direção à cama. Sentei na poltrona ao lado e a observei abrir o embrulho.

O primeiro era uma caixa personalizada dos Beatles, ela era fascinada por eles. Dentro da caixa havia um ursinho, o perfume que ela mais gostava, chocolate e a coletânea com a última temporada da série que ela era aficionada. 

Ela ria, olhava tudo com muita atenção, acariciava os presentes...

- Giulia, você existe?

- Parece que sim.

- Não estou acreditando que trouxe isso tudo pra mim. Amei, sério. Olha essa caixa, e esse ursinho lindo? Não, e o perfume? O chocolate, meu Deus, meu preferido! Quanto aos dvd's... Nossa, ia demorar muito pra ser lançado aqui e você adiantou pra mim. Não tenho o que dizer.

Eu sorri.

- Aliás, tenho sim.

Ela mais uma vez pulou em cima mim e me agradeceu repetidas vezes.

Almoçamos todos juntos. No fim da tarde eu e ela fomos numa praça perto de casa, da qual íamos sempre. Ainda não tinha mostrado o violão pra ela. Estava na capa. Quanto o peguei pra tocar, ela arregalou os olhos.

- Que coisa mais linda!

- É, eu também achei, não me contive, comprei no mesmo dia que vi. E tem um som que... – Alice me interrompeu.

- Não! Estou falando do autógrafo!

Contei a história do autógrafo pra ela e em seguida começamos nossa farra. Eu tocando e ela cantando. Meia hora depois chegou o Jhonny Bravo e a sua trupe. Quero dizer, o Beto.

O chamava assim porque era loiro, forte, topetudo e colocava banca de garanhão, mas mulher que é bom, nada.

- Oi, meninas... Giulia, que feio, nem me avisou que chegava hoje.

- Por que eu deveria? – Alice me cutucou discretamente.

- Porque sou seu amigo e porque estou louco pra te dar uns beijos desde que você viajou.

- Ah, é?

- É. Vamos resolver isso agora? – Ele foi se aproximando de mim.

Sorri pra ele, segurei seu rosto e fui chegando perto da boca dele...

- Não! Se toca, você é um babaca.

Seus amigos tentaram se segurar, mas começaram a gargalhar. Alice ficou sem jeito.

- Tudo bem, hoje você me pisa e amanhã me procura.

- Em que mundo você vive, Jhonny? Só sabe ser algo que não é e não pode ser.

- Garota, você é maluca, não é não? Achei que a viagem fosse melhorar você, mas só piorou. Continua a mesma ridícula de sempre.

- Para, já chega. Chega, chega! Beto, vai embora. Me deixa aqui com a Giulia... Vai. Some. Dá meia volta e caça seu rumo. Anda logo. Chega de gracinha por hoje.

Beto piscou pra Alice e olhou no fundo dos meus olhos.

- Vai ter volta, menininha da mamãe.

Antes que eu falasse algo, Alice tapou minha boca na velocidade da luz.

- Se você pensar em responder qualquer coisa pra ele eu te mato.

Nos olhamos e rimos.

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