Meus ouvidos ao som de The Strokes, meu corpo recostado na minha confortável e deliciosa cama e meu pensamento imerso em devaneios e lembranças, um tanto quanto perturbadoras, mas me faziam sentir que a vida ainda pulsava em mim. Meus olhos, por ora abertos, só enxergavam o teto em cor verde claro. Quando fechados, só viam um filme em preto e branco passar em flashes curtos: eu e você e mais tudo o que isso envolvia.
Por um instante me surpreendi com meu celular vibrando. Era quem eu não imaginava que poderia ser, mas no fundo, quem eu gostaria imensamente que fosse: você. Eu só tinha duas opções óbvias, atender ou não atender. Nessa altura do campeonato, a escolhida foi a primeira.
- Oi.
- Oi. Achei que não fosse me atender.
Respirei fundo e continuei.
- Você sabe que eu não deveria, mas um impulso maior me disse que eu tinha que atender.
- Ainda bem que você tem esses bons impulsos.
Contive um sorriso com seu tom de brincadeira.
- O que quer? – Questionei com curiosidade.
- Direto ao ponto? Bom, você.
Gelei.
- Por que então não estamos juntos? Por que nunca tivemos? – Disse com desconforto.
- Por que... ah... talvez nunca nos esforçamos. Mas... quero tentar, eu não penso em outra coisa que não seja estar contigo.
Engoli a seco. Segundos atrás eu fazia o mesmo.
- O que a gente faz? – Disse em meio a essa conversa tão inesperada.
- Ficamos juntos. Só isso. Apenas isso... dá uma chance pra nós dois. Gosto de você e não vejo a hora de te envolver em meus braços e te amar, amar com um beijo, com meu toque, com minhas palavras, com meu olhar.
Engoli a seco novamente. Por essa eu não esperava. Meu coração então começou a me cutucar e pedir pra que eu respondesse com rapidez e à altura. Não sei se consegui.
- Eu estava pensando em você também. Acho que sabe que o que acabou de dizer agora é talvez, o que mais existe em comum entre nós. – Tirei um peso das costas.
- Deixa?
- O que? – Perguntei com inocência.
- Eu cuidar de você, ficar do seu lado e dar todo o amor que eu posso dar pra alguém. Deixa?
Parecia não acreditar no que eu estava ouvindo, mas uma chama de felicidade me dominou. E eu queria, queria muito deixar.
- Não sei por que nem como, mas de algum modo eu estava esperando por isso. Eu quero você!
Desliguei o telefone e fui ser feliz. A vida não espera.
Que lindo! Nesses tempos modernos, é difícil acontecer algo como esta declaração intensa e verdadeira. E quando o destino nos pega assim, é preciso ir ser feliz mesmo, antes que a oportunidade passe.
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