terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

I. Uma boca que fala

>Gente, vou começar uma série de textos com o mesmo propósito e basicamente o mesmo tema. Vou dividir em algumas partes, que serão postadas sequencialmente. Essa é a primeira. Vem mais por aí. Espero que curtam essa "novidade".<


I. Uma boca que fala


 -... porque, meu anjo, olha, olha ao nosso redor, esse verde, esse parque, essas pessoas, esse ar puro. – Ela suspira bem fundo – Esse cheiro campestre maravilhoso, nem parece cidade grande, isso é uma maravilha, você é uma maravilha. Eu não consigo me imaginar com outra pessoa, eu...
- Joana...
-... estou completamente apaixonada por você. Olha o seu rosto, os seus olhos lindos, a sua forma de se vestir, o seu cabelo liso todo bagunçado por causa do vento, e esse nariz de paçoquinha que sempre me dá vontade de morder... ah, e...
- Joana, me escuta...
-... essa boca linda, linda, linda, de beijos deliciosos. Essa boca que tanto me deu prazer, que tanto disse que me amava, que tanto sussurrou lindos trechos de música, esses lábios quentes, sedutores, doces, másculos. Eu sou cinquenta por cento apaixonada pela sua boca que só me ama e me ama e, me ama... desculpa a minha tagarelice, é que eu te amo tanto, esse dia tá tão lindo e agradável. Pode falar agora, meu amor.
- Acho melhor você se levantar do meu colo, sentar à minha frente e olhar nos meus olhos.
- Ah, daqui tá bom... minha cabeça recostada na sua perna que é um ótimo travesseiro. Dá pra ver seu tórax, seu queixo, sua boca, seu narizinho, quer dizer, meu narizinho de paçoca e seus olhos. Estou te vendo daqui.
- Joana, levanta. Agora.
- Mas, mas... Amor, o que houve?
- Levanta, Joana.
Joana se levanta.
- Isso, assim é melhor, você de frente pra mim e eu de frente pra você. Agora peço que não me interrompa.
- O que aconteceu, o que eu disse? Eu falei muito, né? Desculpa, eu não falo mais tanto assim, estou bancando a chata, eu sei, mas, amor...
- Joana, eu preciso falar e você não deixa eu falar. Por favor, fica quieta. Só um pouquinho. Vou ser breve. Só me escuta.
Sentindo seu coração começar a apertar, Joana acatou o pedido de seu namorado e se calou naquele instante.
- Eu estava procurando uma forma de dizer o que tenho pra dizer sem que te machucasse, mas acho que nenhum jeito vai evitar que você se machuque. Não estou feliz com o nosso relacionamento há algum tempo e tentei insistir nele mesmo assim, não te contei nada porque achei que fosse uma fase minha. Mas não é. Acho que nós dois temos caminhos diferentes. Você pra sul e eu pra norte, você pra leste e eu oeste. Não quero mais fingir que te amo e que sou feliz ao seu lado. Isso também me dói.
Com olhos de decepção, tomados por lágrimas prontas a se despejarem pelo seu belo rosto, Joana não hesitou.
- Quem agora não quer mais ouvir uma palavra tua sou eu. E digo mais, retiro tudo que eu disse sobre a sua boca. Ela acabou de me soltar tudo que um dia você disse nunca falar pra mim. Engula suas palavras amargas e a sua insatisfação. Dei a você todo o amor que eu podia dar a alguém.
Joana se levantou e em passos curtos, dominados por ódio, disse andando:
- Sua boca eu não beijo nunca mais.

4 comentários:

  1. vixii tenso........acho que joana ... devia entender o que se passava e aceitar, depois das demostraçoes de amor que ele fez pra ela durante esse tempo, ele merecia pelo menos: "Foi bom o quanto durou" da boca dela

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  2. Joana não estava preparada pra boca do namorado cuspir aquelas palavras. Da boca dele só vinha amor. A raiva foi não só por não esperar oubir aquilo, mas por não saber há quanto tempo não era mais amada e há quanto tempo a boca que ela tanto amava mentia pra ela :)
    Esse texto é totalmente impessoal, não sou a Joana. Rs.

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  3. Muito bom meeeeesmo seu texto é raridade ver obras bem trabalhadas assim em blogs ultimamente, gostei memso, tanto que até vou salvar aqui nos meus favoritos e voltar mais vezes.abçs!

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  4. Agradeço imensamente o elogio.
    Volte sempre que quiser!

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