quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

II. Uma boca que cala

Mais uma da série.

II. Uma boca que cala

Você pode ficar com as suas verdades e os seus achismos,
Com sua falsa ingenuidade e com seu temperamento sombrio.
De tenebroso já me basta seu gesto prepotente, seu conjunto de reações autoritárias.
Já cansei de ser seu jeans desbotado, seu botão reabotoado, seu pedaço de pano remendado.
Minha vida já está gasta, e você parece gostar do tanto que me desgasta.
Eu pareço não me dar conta do quanto tenho sido um sapato velho para um pé descalço.
Ao emudecer minhas palavras, me proponho a apenas pensar.
Defronte a seus olhos, me submeto a calar pensamentos prestes a saltar da boca,
Que, tão seca se inibe e engole frases feitas.
Feitas para que não mais me cale, feitas para que eu não me abale.
De inibições e recusas continuo submetendo meus devaneios.
Meus ouvidos surrados de seus esfaqueios apenas ouvem.
Sua boca fala e seu corpo gesticula em tamanha proporção.
Meu coração aperta e meus olhos se voltam para o chão.
Entre tantas outras, uma boca que cala.
Cala-me, calo-me.
Entre tantos calares indefesos,
Um olhar disperso, um amor saturado e uma vida morna.

Um comentário:

  1. Oi! Gostei muito do Blog, muito legal! Seguindo já!
    Participa e comenta o meu tbm ;)


    http://ahcuriosaa.blogspot.com/

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