quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Depois da meia noite

Após um dia estressante, nada melhor que uma cerveja gelada, sozinho ou acompanhado.E foi o que eu fiz.
Duas horinhas respirando um ar diferente do escritório, vendo a hora passar e pessoas diversas. Sozinho.
- Amigão, fecha a minha conta?
- Mais uma gelada?
Sorrindo fiz sinal negativo balançando a cabeça: - Amanhã o trabalho continua, a outra gelada fica pra outro dia.
- Tá certo. Débito ou crédito?
Devolvi o cartão para a minha carteira.
- Não, parceiro, dinheiro mesmo. Vai sobrar sete reais, né? É seu. Atendimento maravilhoso. - Disse batendo em suas costas.
O garçom me agradeceu com um belo sorriso e apertou forte a minha mão.
Podia ver a felicidade estampada em seu rosto.
Felicidade essa que me faltava.
O boteco ficava a duas quadras da minha casa. Fui embora andando.
Noite fresca, mas o paletó continuava seguro entre meus dedos e disposto nas minhas costas. Não via a hora de tirar aquela gravata.
Abri a porta e fui direto para o banho. Ao tirar o relógio do pulso vi que ele marcava 23 horas.
Terminei o banho e deitei;
Todos os dias eu dormia depois da meia noite. Era esse horário ela vinha de encontro a mim, que eu a sentia presente e que eu podia tentar tocá-la.
Depois da meia noite eu podia vê-la, sempre linda com os braços abertos vindo em minha direção.
Por mais triste que eu pudesse estar, ela sempre me acalmava. Por mais cansado que estivesse, ela me arrancava um sorriso que me deixava disposto outra vez.
Depois da meia noite eu resgatava forças. O meu grande amor me dizia para não desistir.
Depois da meia noite a filha que há dois anos eu havia perdido, aparecia  na frente dos meus olhos com um vestido rosa e dizia "Papai, eu te amo. Papai, eu sempre vou estar com você, não desiste de nada, não se canse da vida. Papai, eu te amo muito."
Sozinho em meu apartamento, eu chorava de soluçar.
Sozinho porque a mãe da minha filha também tinha me deixado. Mas não partiu pra outro mundo, partiu com outro cara para algum lugar do qual eu não faço ideia. E não, não quero nem saber.
Eu ainda tinha o meu grande amor.
Eu ainda tinha motivos pra viver e superar uma dor que me parecia sempre insuperável.
Porque eu sabia, que todos os dias depois da meia noite o meu sentido de viver se renovava e um novo e lindo dia chegaria.

2 comentários:

  1. adorei o texto querida bem tocante, li que você gosta de cinema e faz publicidade... que legal, ja desenvolve algum trabalho na área?

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  2. Que bom que curtiu, Alice. Fico feliz =)
    Não desenvolvo nenhum trabalho ainda, por enquanto estou fazendo alguns projetos e procurando parceiros pra desenvolvê-los.
    Agradeço a visita, olhei seus blogs, interessantíssimos.
    Volte sempre!

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